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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

a menina que semeava papoulas


jogava ao solo aqueles pontinhos pretos
como se fossem pontos finais
esperando milhões e milhões
de minúsculos recomeços
e sob visões de pupilas dilatadas
aquela criatura caminhava em campo aberto
o vento arrastava suas saias e ela se divertia
como uma besta fera sorria estridente
seus pés avermelhados pela terra
afundavam no morno que o sol deixava
e a vida dentro da própria vida era surreal
as sementes eram bombas sobre o chão arado
as mãos devotadas ao prazer despretensioso
do toque daquelas minúsculas cápsulas
refaziam incessantes os movimentos
de captura e liberdade suprema
mal sabiam da colheita.

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